quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aftas

Apareceu uma afta na minha boca, e agora?
O que é  uma afta?





A palavra afta literalmente significa "eu inflamo", ou "eu ascendo" ou, ainda, "eu queimo". Inicialmente, foi utilizada na Grécia por Hipócrates, o pai da Medicina, para identificar o "sapinho" ou candidose pseudomembranosa em crianças. Mais tarde, seu uso se estendeu para toda e qualquer ulceração nas mucosas.


CLASSIFICAÇÃO DAS AFTAS BUCAIS

As aftas podem ser classificadas em três tipos, de acordo com as suas manifestações e características clínicas:

1.     Aftas menores, ou de Mickulicz: são ulcerações muito dolorosas ou ardentes, de 1cm de diâmetro em média, e que afetam a mucosa bucal em áreas não queratinizadas . Podem ser únicas ou múltiplas, mas na maioria dos pacientes apresentam-se como lesões isoladas. Tendem à reparação, entre 5 e 10 dias, sem deixar cicatrizes.

 2. Aftas maiores, ou de Sutton: são ulcerações maiores com extensões surpreendentes de até 3 a 4cm. São necrosantes, extremamente dolorosas, incapacitando o paciente para suas atividades normais. Sua duração, em média, se alonga entre 3 e 6 meses cada uma, deixando cicatrizes fibrosas e definitivas.

3. Aftas herpetiformes: caracterizadas pela multiplicidade de diminutas e dolorosas lesões ulceradas simultâneas na mucosa bucal. Esse nome resulta de sua semelhança com as lesões da estomatite herpéticas.



AFTAS APÓS A INSTALAÇÃO DE APARELHOS ORTODÔNTICOS

A instalação de aparelhos ortodônticos pode estar relacionada com o aparecimento de uma ou mais aftas na mucosa bucal, que quase sempre são lesões do tipo aftas menores, mas incomodam muito  as pessoas, principalmente quando habitualmente não eram afetados por este problema antes da instalação dos aparelhos ortodônticos .

Alguns pacientes apresentam as aftas no decorrer do tratamento e não necessariamente logo após a sua instalação. Esses casos podem estar relacionados a momentos de estresse físico ou psicológico, alterações de hábitos alimentares ou condições sistêmicas que possam modificar a reatividade do sistema imunológico.


Em pacientes fumantes, o aumento da espessura da mucosa bucal e de sua queratinização está presente em todas as regiões e esse tipo de paciente NÃO APRESENTA aftas bucais em função dessa adaptação funcional induzida pelo tabaco. Quando pacientes fumantes deixam o vício, podem apresentar aftas, às vezes duradouras e múltiplas, e, em função dessa intercorrência, podem voltar a usar o tabaco.

Muitos pacientes anêmicos também apresentam grande número de aftas bucais, pois, com a mucosa fragilizada, os microtraumatismos são mais freqüentes, principalmente com aparelhos ortodônticos.


A possibilidade de herdarmos a "capacidade" de ter aftas bucais é bem maior, ou quase absoluta, se os pais foram portadores de aftas ao longo da vida
Ainda é grande a chance, em torno de 50%, de herdar-se essa capacidade se um dos pais apresentar essa propriedade. A possibilidade de herdar-se a característica de propensão às aftas é bem menor, ou muito reduzida, em filhos cujos pais não apresentam-se portadores ao longo da vida.

Em outras palavras, se os pais têm aftas, provavelmente os filhos também terão uma grande propensão a apresentá-las, pois suas células poderão ser reconhecidas como estranhas pelo sistema imunológico, tais como acontece com as dos pais.





Quando, na mucosa bucal, ocorrem microulcerações (pequenos machucados) induzidas por alimentos, instrumentos, braquetes, escovas, agulhas e outras formas, há também a formação de aftas.



 Os braquetes, os fios e as bandas ortodônticas, uma vez instalados nos dentes, promovem invariavelmente microtraumatismos nos lábios, bochechas e margens linguais laterais.

As aftas bucais após a instalação de aparelhos ortodônticos NÃO decorrem de fatores alérgicos, não representam hipersensibilidade a componentes dos braquetes, fios e bandas. Uma vez transcorridas algumas semanas de uso do aparelho, haverá uma adaptação estrutural da mucosa bucal, que aumentará a espessura epitelial e a sua queratinização. As aftas diminuirão e até podem desaparecer por completo após esse período de adaptação, mas representam um grande incômodo clínico e pessoal.





ORIENTAÇÕES E CONDUTAS PARA PACIENTE ORTODÔNTICO COM AFTAS BUCAIS

Em alguns pacientes ortodônticos, por maiores cuidados que sejam tomados - como a colocação de cera ou outro tipo de oclusão dos braquetes e fios para se evitar o contato e microtraumatismos na mucosa bucal -, as aftas bucais aparecem inevitavelmente em número maior do que o paciente estava acostumado. Mas deve-se orientar o paciente sobre como evitar os microtraumatismos durante:

1) Evite  alimentos perfurantes, como abacaxi, cascas de pão, pipoca e outros. Alimentos muito ácidos (limão, abacaxi, laranja, tomate) podem alargar os microtraumatismos na mucosa bucal; recomenda-se  a ingestão em forma de sucos.

2) Higiene bucal cuidadosa, evitando o contato das cerdas e movimentos bruscos com as escovas sobre a mucosa bucal;

3) Use  protetores sobre os braquetes, fios e bandas para evitar mordidas ao dormir, durante o apertamento bucal e o bruxismo, tais como a cera ortodôntica.

4) Algumas semanas de uso do aparelho, sua mucosa bucal se adaptará, aumentando a queratinização, e as aftas diminuirão ou provavelmente desaparecerão.


Se o paciente  abandonou o vício de fumar há pouco tempo,  provavelmente aparecerão muitas  aftas bucais. 

 O alívio imediato da  dor das aftas  local se faz muito importante. Proceda da seguinte forma:

1) Limpar delicadamente o leito amarelado ou branco da afta com cotonete umedecido em água oxigenada bem diluída ou em soro fisiológico, ou até em água. Esta pseudomembrana representa um obstáculo à penetração medicamentosa, mas nem sempre está presente.

2) Passar, por até cinco vezes ao dia uma pomada específica.
Aplicar até cinco vezes ao dia, quando necessário, utilizando-se os dedos ou cotonetes levemente umedecidos. Uma indicação seria a pomada Omcilon-a Orabase, mas fale com seu dentista antecipadamente.

3) A  finalidade do medicamento: apenas aliviar os sintomas e promover a sensação de conforto!




Adaptado  do artigo " Aftas após instalação de aparelhos ortodônticos: porque isso ocorre e protocolo de orientações e condutas"  do Dr Alberto Consolaro publicado na  Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial vol.14 no.1 Maringá Jan./Feb. 2009


quarta-feira, 26 de março de 2014

Posso fazer bochechos com água oxigenada?


Essa é uma pergunta que sempre fazem.
Tenho recebido também através de emails e do Facebook mensagens sobre o uso e benefícios maravilhosos da água oxigenada. Que ela é boa para clarear dentes, para sinusite, para isso, para aquilo... Oitava maravilha do mundo!
Recentemente uma mensagem dizia que os dentistas escondiam dos pacientes as maravilhas da água oxigenada  para clarear dentes para poderem faturar mais e mais nos seus consultórios. Oh meu Deus!


Alerto vocês que a água oxigenada pode até fazer bem, mas não do jeito que vocês imaginam. 
Por favor, NÃO FAÇAM  bochechos com água oxigenada! Usem um creme dental clareador se quiserem dentes mais brancos! Aumentem a quantidade de escovações diárias, fio dental! Mas bochechos com água oxigenada, NÃO!


Transcrevo abaixo parte de um artigo do Prof Alberto Consolaro, da Fac. de Odontologia de Bauru/USP:

SOBRE OS BOCHECHOS COM ÁGUA OXIGENADA E A CLAREAÇÃO DENTÁRIA

O homem descobriu, há muito tempo, que a água oxigenada dissolve restos de células  e tecidos necrosados nas feridas, diminuindo a quantidade de microorganismos, facilitando a ação dos antibióticos. Mas isso funciona em situações muito especiais, com concentração adequada  e pessoa especializada, com cuidados como os recomendados pela FDA (Food and Drug Administration), que o classificou como agente debridante para uso temporário na cavidade bucal. Recentemente uma empresa multinacional retirou do mercado um produto antisséptico à base de peróxido de hidrog~enio, provavelmente porque as pessoas passaram a usa-lo inadequadamente quanto aos locais, tempo e freqüência de aplicação.

As soluções cloradas e à base de peróxido de hidrogênio estão nos armários de nossas casas, mas devem ficar longe das crianças e animais. Os fabricantes devem informar um telefone em caso de intoxicação e deve-se seguir as indicações e cuidados de uso. São produtos tóxicos, cáusticos, que podem até matar se não seguirmos adequadamente as informações dos fabricantes.

Na internet, algumas pessoas, irresponsavelmente, por ignorância  quanto aos preceitos da Química, Cosmetologia, Medicina e Odontologia, têm indicado a água oxigenada em bochechos diários, para que se diminua os germes da boca e desinflame as gengivas, ao mesmo tempo que deixaria os dentes mais limpos e brancos. Elas deveriam ser notificadas pelas autoridades competentes e indiciadas judicialmente pelos crimes que estão cometendo contra a saúde das pessoas, abusando da fé pública.


A água oxigenada  deixa as mucosas e gengivas vermelhas pela agressão, com início de dissolução tecidual e inflamação. Água oxigenada queima e pode até necrosar as papilas gengivais. Ela deixa os dentes limpinhos, pois desmineraliza o esmalte, removendo, também, as sujeiras e pigmentos aderidos. O esmalte fica mais poroso e o alimento o suja mais ainda, aumentando a necessidade de bochechos. A cada dia o esmalte se afina e, se houver restaurações, induz infiltrações em sua interface com o dente, podendo sair com facilidade durante a alimentação.

Se queimar a mucosa e demineralizar  o esmalte fossem os principais problemas, se poderia até pensar em uso com moderação. O problema maior é que a água oxigenada é um agente cocarcinógeno promotor. Em outras palavras: potencializa o efeito dos indutores de câncer de boca, da garganta, esôfago, estômago e intestino. Pesticidas, produtos do tabaco, álcool, HPV e outros vírus oncogênicos, raios solares e demais químicos dos alimentos industrializados são potencializados pelo uso da água oxigenada.


Muitas teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos e livros confirmam o que a literatura já demonstrou por meio de vários tipos de metodologias. Com testes in vitro
de carcingênese química, comprova-se o efeito cocarcinogênico do peróxido de hidrogênio (ou água oxigenada) – contido em clareadores dentários, antissépticos e dentrifícios – sobre mucosa.

Em uma pesquisa de tese de doutorado (USP  -  1999), foi testado o efeito carcinogênico de um dentifrício com peróxido de hidrogênio. De 30 marcas, em 29 dentifrícios foi detectada sua presença, inclusive nas marcas infantis, mas, na maioria, a informação  de sua presença não constava nas embalagens. Foram usados hamsters na pesquisa, e o peróxido do dentifrício mostrou-se igual ao clareador isoladamente aplicado: foi um promotor da carcinogênese. Os clareadores dentários fazem parte da cultura moderna, e devemos evoluir tecnologicamente para reduzir os efeitos indesejáveis. A clareação dentária deve ser segura e respeitar a opção consciente dos que não querem realiza-la , com informações nas embalagens. O consumidor deve ter a opção de escolher o dentifrício com ou sem peróxido de hidrogênio.

CLAREAMENTO DENTÁRIO CASEIRO
No consultório, a clareação dentária tem o mesmo efeito cocarcinogênico que na forma de uso “caseira”? Não. O profissional treinado isola os dentes com uma barreira resinosa cervical, ou de outra forma, mecânica ou física, e dificulta o contato direto do clareador com a mucosa. Antes de se retirar o clareador com água e remover a barreira resinosa, há de se ter uma máxima sucção do clareador, para elimina-lo. Apenas quando eliminou-se completamente todo o clareador com o sugador, deve-se remover a barreira resinosa ou o isolamento. No consultório, a quantidade de clareador em contato com a mucosa é muito pequena e eventual;na escovação é diária, o mesmo ocorrendo com bochechos de água oxigenada ou uso contínuo de fitas clareadoras.

NA CLAREAÇÃO DENTÁRIA CASEIRA OS RISCOS SÃO MAIORES?
Sim, pois o paciente, mesmo “orientado” pelo profissional e, por mais adaptada que seja a moldeira de aplicação, deixa o clareador se distribuir pela boca com a saliva. O contado demorado com a mucosa bucal será inevitável e a ingestão parcial contatará outras mucosas gastrointestinais.

A automedicação é muito freqüente, e se adquire o produto sem qualquer consulta profissional, para usar em casa, de forma irregular, sem cuidado. A falta de controle sobre o tempo e freqüência com que se realiza o procedimento caseiro até aumenta o clareamento, mas às custas de efeitos biológicos sobre a mucosa e dentes, que não compensam. O risco que, aliás, são imensuráveis no futuro.

Os clareadores devem ser considerados medicamentos, e seu uso restrito a profissionais da Odontologia devidamente treinados nas requentadas manobras de procedimentos. Infelizmente, são vendidos livremente, e a população ainda não está consciente dos      riscos.


CONSIDERAÇÕES SOBRE BOCHECHOS COM ÁGUA OXIGENADA
Todas as manobras em que se use o peróxido de hidrogênio (conhecido popularmente como água oxigenada) na boca, objetivando-se a clareação dentária, devem ser executadas diretamente pelo profissional da Odontologia treinado  para proteger a mucosa  bucal e outras do contato durante o procedimento. O tempo e  a forma de uso requerem cuidados para proteger ou diminuir ao mínimo possível os efeitos indesejáveis sobre os tecidos dentários e restaurações. As fitas e demais produtos clareadores, todos têm como base a ação do peróxido de hidrogênio.

Um eventual contato com a mucosa bucal, tal como o bochecho com água oxigenada uma vez por  ano ou a cada seis meses, poderia até ter efeito cocarcinogênico mínimo, mas todo dia ou toda semana, como na antissepsia para se auxiliar na higiene bucal, passa a ser um protocolo muito temerário para a saúde ao longo do tempo. Os sites, blogs e perfis em redes sociais que estão indicando isso deveriam ser acionados imediatamente pelas autoridades públicas!
A estética refere-se à harmonia da forma, tamanho, posição e cores. Ao prestar mais atenção em uma pessoa ao sorrir, percebem-se gengivas e lábios vermelhos, com dentes muito brancos, é inevitável o diagnóstico de uso excessivo de peróxido de hidrogênio! Evidencia-se um artificialismo. O branco excessivo e o vermelho mucoso geram um quadro muito artificial do ponto de vista estético.




Resumido de:
Consolaro A. Bochechos com água oxigenada são carcinogênicos e indicados na internet: implicações ortodônticas e fundamentos.

Revista Clínica de Ortodontia Dental Press – Vol 12 – num. 5 – out/nov 2013 – p. 106




sexta-feira, 21 de março de 2014

Síndrome de Down e Odontologia

Dia 21 de março é o dia Internacional da Conscientização  da  Síndrome de Down.


A síndrome de Down também é chamada Trissomia do 21. Ou seja, temos 23 pares de cromossomos e o 21º.  par tem um cromossomo a mais, o que causa a Síndrome, e não se sabe exatamente  o que causa esse problema. Geralmente o risco da trissomia aumenta quando a mãe tem mais de 40 anos e também exposição avançada a altas doses de radiação. Aproximadamente 1 caso para  cada 800 nascimentos.

Geralmente o indivíduo com síndrome de Down apresenta atraso de desenvolvimento, baixa estatura, QI reduzido, problemas acardíacos, predisposição à infecções, órgãos genitais diminuídos, desenvolvimento da face alterado, olhos amendoados, nariz em sela e envelhecimento precoce.
Na boca, podemos ver problemas tais como maxila atrésica ( céu da boca  estreito),  língua com fissuras, falta de alguns dentes (agenesia), erupção dentária retardada dentes que demoram para nascer e crescer), mordida cruzada posterior bilateral, mordida aberta anterior,  língua grande é comum. Muitas vezes a pessoa fica com a boca aberta  porque a faringe é estreita e as amígdalas  são grandes e isso dificulta a respiração.

Pode-se observar também microdontia (dentes pequenos) ou muito grandes, dentes conóides (dentes mais "fininhos"), falta de dentes ou excesso deles.
Existe uma alta prevalência de  problemas periodontais e uma baixa prevalência de cáries. A baixa prevalência de cáries pode ser explicada pelo atraso na erupção dos dentes, ou seja, como eles demoram para nascer, demora também para aparecer cáries. e segundo pesquisadores, a composição salivar desses indivíduos parece ser diferente ajudando nesse aspecto. A anatomia dos dentes também é diferente, as fóssulas e fissuras dos dentes são menos acentuadas o que não deixa acumular alimentos. O alto índice de problemas periodontais pode ser devido a uma deficiência do sistema autoimune.
Muitas crianças com síndrome de Down apresentam  péssimas condições de higiene bucal. Isso porque muitos pais não orientam e nem fiscalizam a escovação dos filhos. Essas crianças (aliás, todas as crianças) necessitam de muito amor, apoio e informação para a conservação da saúde bucal, para gengivas e dentes saudáveis. E visitas periódicas ao dentista, para que seja feita a procura de cáries, para a aplicação de um selante,profilaxia, flúor e tratamento ortodôntico se for o caso.

terça-feira, 18 de março de 2014

Aparelhos falsos e os riscos para a saúde de sua boca

Camelôs nas ruas do centro de São Paulo ( e provavelmente de outras muitas cidades) vendem componentes para a própria pessoa "montar" seu aparelho fixo de enfeite. Borrachinhas coloridas, elásticos coloridos e bráquetes (pecinhas). Impressionante é a pessoa colar os bráquetes com a famosa cola SuperBonder e não ficar com os dedos colados nos lábios, lábios colados nos elásticos e outras coisas mais terríveis. São os chamados "aparelhos diferenciados".

Muitas vezes os falsos colocadores de "aparelho" fazem propaganda no Facebook e aí também vendem o  material colorido  tais como elásticos. Já vi propaganda no site "Mercado Livre" de uma pessoas que vendia elásticos coloridos sob o título: "Troque você mesmo as borrachinhas de seu aparelho".

 Impressionante também é a moda de fazer "rolezinhos" em shoppings usando aparelhos falsos! Mesmo quem usa aparelhos fixos verdadeiros gosta de "incrementar" com elásticos super coloridos. Não pense que quando os bráquetes são colados pelo seu  dentista e você resolve incrementar, não aparecem problemas... Aparecem sim, pois geralmente as pecinhas são enroladas com voltas e voltas de elásticos! E esses elásticos fazem uma força absurda, capaz de "balançar" um ou mais dentes.

Na reportagem do Fantástico de 09/03/14, um adolescente dizia que usava fios (cerdas) coloridos de vassoura para deixar mais chamativo seu aparelho fixo.


O que acontece quando um aparelho fixo é mal instalado?



 Na foto acima, pode-se ver um aparelho fixo muito mal feito. Alguém não habilitado apenas colou as pecinhas nos dentes dessa pessoa, sem medidas, sem conhecimento algum. O resultado é que cada dente foi para um lado e pode-se ver que os incisivos superiores estão quase que perdidos...

Importante lembrar que pessoas curiosas estavam (ou ainda estão) colando "aparelhos fixos" em indivíduos desejosos de "mudar o visual. Muitos "falsos  dentistas" foram denunciados e alguns já foram presos (falsidade ideológica dá 3 anos de reclusão). O Conselho Regional de Odontologia está atuando para que materiais ortodônticos só sejam vendidos para dentistas (nas dentais), mediante a apresentação do número de inscrição do CRO.




O que você acha que irá acontecer com alguém que tem um aparelho como esse na foto acima? O aparelho não possui o arco, necessário para os movimentos corretos dos dentes. Ele está trançado com fio de vassoura!! Tem coragem? Muitos colam as pecinhas só nos 6 dentes anteriores!




Olha só na foto acima o  resultado de aparelho falso... Perda dentária!


Portanto, meu amigo ou amiga, procure um especialista em ortodontia se realmente você precisa de tratamento ortodôntico. Não compre nada na internet e nem  de camelôs.  Os dentistas estudam quatro anos em período integral para se tornarem cirurgiões-dentistas. E mais dois a quatro anos de especialização pela frente para se tornarem especialistas em ortodontia. A ortodontia mal feita, ou melhor, aparelhos de enfeite, podem provocar perda de dentes, inflamações gengivais seríssimas e é claro, mal hálito. Ou será que cerda de vassoura não provoca mal hálito? Já pensou na quantidade de resíduos que ficará grudado nesse tipo de "aparelho"?

A ortodontia requer planejamentos, estudos, radiografias. E aparelho é para corrigir  posições dentárias, não é modismo, não é enfeite, é tratamento odontológico! É assunto sério! 

Ou você quer perder seus dentes?



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Respostas para quem tem medo de perguntar



Há muita coisa que todo paciente gostaria de saber, mas tem medo de perguntar, como por exemplo porque está doendo, em quanto tempo tudo fica pronto, quanto terá que pagar... Enfim, decidir colocar um aparelho fixo, ou seja, iniciar um tratamento ortodôntico exige muitas perguntas e mais respostas ainda.
Vamos começar com a pergunta número um:

1. Eu quero colocar  aparelho, qual dentista devo procurar?
Você deve procurar um dentista que já colocou aparelhos em amigos e parentes. Um profissional que você conheça o tipo de serviço, que tenha referência. Esse profissional deve ser devidamente registrado no CRO (Conselho Regional de Odontologia), melhor ainda se for Especialista em Ortodontia.

2. Devo procurar o profissional mais barato ou o mais caro?
Nem um nem outro. Você deve procurar um profissional qualificado e de confiança.


3. O que é melhor? Uma Clínica com vários dentistas ou um só profissional?
Numa clínica com vários dentistas, talvez cada mês você seja atendido por um profissional. Isso complica um pouco o entrosamento, pois cada dentista pensa de uma maneira. Se procurar uma clínica, verifique a possibilidade de ser atendido somente por um profissional, e a possibilidade de em caso de emergência esse profissional poder atender você. Quando digo emergência, estou me referindo a quando um bráquete se solta, ou uma banda ou alguma coisa espeta.

Se procurar um consultório, procure saber quantos dias por semana o dentista trabalha, se é adequado aos seus horários e se ele poderá atender em casos de emergência.

4. O que é preciso para fazer um tratamento ortodôntico?
Será necessária uma documentação ortodôntica. O ortodontista encaminhará você para um serviço de radiologia. Uma documentação ortodôntica contém geralmente (as mais simples): modelos de gesso das arcadas dentárias, radiografia panorâmica, periapicais dos dentes anteriores superiores e inferiores, radiografia norma lateral onde serão feitos traçados para ver perfil, análise cefalométrica (medidas de ângulos das posições de dentes e tecido ósseo), fotografias frente e perfil do paciente, fotografias intraorais. O dentista irá fazer o planejamento de seu tratamento baseado nos dados obtidos. Se é necessário extrair dentes, expandir arcada, etc.
Geralmente o bom profissional mostra a documentação e explica em termos leigos para o paciente.

5. Se eu desistir do tratamento, posso levar a documentação?
Se você conversar com o profissional e concluir que não quer fazer o tratamento naquele local, pode levar a documentação na mesma hora... Após pagar a consulta, se for o caso...
Se já estiver de aparelho é importante lembrar que todos estipulam um tempo mínimo de tratamento para poder desistir. Tratamento ortodôntico é assunto sério e a pessoa não pode colocar em um mês e decidir tirar em outro. Se já sabe de antemão que irá mudar para outra cidade bem longe e há necessidade de mudar de profissional, nem coloque - espere mudar e coloque lá em seu outro endereço.
Se resolver desistir  do tratamento depois de um certo tempo, terá que conversar com o dentista. Geralmente se faz um contrato no início do tratamento. Alguns cobram uma taxa para tirar o aparelho e para entregar a documentação. Se a documentação for antiga, mais de 6 meses, aconselho a não criar problemas para tê-la de volta caso o dentista não queira entregar. Apesar dela ser sua, não será muito útil.  O novo profissional precisará do estado atual de sua boca, de radiografias novas para efetuar outro planejamento.
Os planejamentos podem ser diferentes, cada dentista tem sua maneira de pensar. Mas o resultado deverá ser um só, ou seja, a satisfação do paciente.

6. Como se cobra a manutenção?
Cada dentista tem uma maneira própria.
Alguns cobram o valor total do tratamento. Outros uma taxa mensal ou quinzenal. Ou qualquer outro  tipo de cobrança, desde que o paciente esteja ciente.  Podem estar baseadas no aumento do salário mínimo ou outro índice qualquer de reajuste. O valor depende do profissional, da cidade,  da clínica, do consultório... As consultas podem ser mensais, quinzenais, depois de 40 dias... Depende. 

7. Existe aparelho grátis?
Isso foi um absurdo criado anos atrás. Não existe aparelho nem tratamento grátis. Nem em faculdades. De uma forma ou outra você irá pagar por ele. É proibido pelo código de ética Odontológica. Não caia nesse conto...

8. Quanto tempo dura um tratamento ortodôntico? Posso ficar anos de aparelho?
Geralmente um tratamento dura por volta de 30-36 meses. Um contrato especificando o tempo deve ser fornecido no início do tratamento. Depende da complexidade do caso, idade do paciente, colaboração...

9. Os tipos de aparelho possuem valores diferentes?
Sim. Os estéticos (porcelana e safira) são mais caros que os autoligados metálicos que são mais caros que os tradicionais metálicos. Cada profissional tem seu preço que depende também do fornecedor do material.

10.  Depois que tirar o aparelho fixo, tenho que usar outro, o removível?
Sim. Todos os que usam aparelhos fixos devem usar um aparelho removível de contenção cujo tempo o ortodontista irá determinar conforme tenha sido o problema anterior. 
Geralmente contenção fixa inferior (leia: Contenção Ortodôntica) e contenção removível  superior. Mas pode ser contenção fixa superior e inferior ou removível superior e inferior. Depende do profissional.

11. Esse aparelho pode ser cobrado? Tem manutenção?
O aparelho de contenção  sempre é cobrado, pois há muitos gastos para confeccioná-lo. Quanto á manutenção, depende do acordo profissional/paciente.


Perguntas são necessárias para um bom tratamento. Pergunte sempre. O bom dentista terá prazer em respondê-las.








Seja feliz!


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sexo oral e Odontologia

Você sabe o que é HPV? É o vírus do papiloma humano.  Chama-se papiloma por causa do formato, por isso também pode ser chamado de verruga digital, crista de galo figueira ou cavalo de crista. É uma DST (Doença Sexualmente Transmissível).


Em uma década, dispararam no país os casos de câncer de boca e orofaringe relacionados à infecção por HPV (papilomavírus humano), transmitidos por sexo oral.
O índice de tumores provocados pelo vírus é três vezes superior ao registrado no fim da década de 1990. Não há um aumento do número total de casos, mas sim uma mudança no perfil da doença.

Antes, cânceres de boca e da orofaringe (região atrás da língua, o palato e as amígdalas) afetavam homens acima de 50 anos, tabagistas e/ou alcoólatras.
Hoje, atingem os mais jovens (entre 30 e 45 anos), que não fumam e nem bebem em excesso, mas praticam sexo oral desprotegido.
Uma recente análise publicada no periódico "International Journal of Epidemiology" mostra que, quanto maior o número de parceiras com as quais pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais risco o homem terá de desenvolver câncer causado pelo HPV.



No Hospital A.C. Camargo (Hospital do Câncer), em São Paulo, 80% dos tumores de orofaringe têm associação com o papilomavírus. Há dez anos, essa associação existia em 25% dos casos.

O HPV já está presente em 32% dos tumores de boca em pacientes abaixo dos 45 anos ""antes, o índice era de 5%. Por ano, o hospital atende 160 casos desses tumores.
"O aumento dos tumores por HPV é real, e não porque houve melhora do diagnóstico. Os casos relacionados ao tabaco vêm caindo, mas o HPV está ocupando o lugar", diz o cirurgião Luiz Paulo Kowalski, do A.C. Camargo.


No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), 60% dos 96 casos de câncer de orofaringe atendidos em 2010 tinham relação com o HPV. As mulheres respondem por 20% dos casos.


"Começa-se a notar um maior número de mulheres com esse câncer, por causa do sexo oral desprotegido", diz o oncologista Gilberto de Castro Júnior, do Icesp.

No Hospital de Câncer de Barretos, no interior paulista, casos ligados ao HPV respondem por 30% dos cânceres da orofaringe, um aumento de 50% em relação à década passada, segundo o cirurgião André Lopes Carvalho.
"A maioria dos nossos pacientes tem o perfil clássico, de homens mais velhos que bebem e fumam. Mas estamos percebendo uma virada." O Inca (Instituto Nacional de Câncer) desenvolve seu primeiro estudo sobre o impacto do HPV nos tumores orais. Segundo o cirurgião Fernando Dias, coordenador da área de cabeça e pescoço do instituto, o HPV de subtipo 16 é o que mais provoca câncer da orofaringe.

"O HPV está criando um novo grupo de pacientes. Por isso, é preciso reforçar a necessidade de fazer sexo oral com preservativo." O Inca estima que, por ano, o país registre 14 mil novos casos de câncer de boca.
Segundo os especialistas, a boa notícia é que os tumores de orofaringe relacionados ao HPV têm um melhor prognóstico em relação àqueles provocados pelo fumo.
Paulo Kowalski afirma que eles respondem melhor à quimioterapia e à radioterapia e, muitas vezes, não há necessidade de cirurgia.

VACINA
A vacina contra o HPV não é aprovada para homens no Brasil. Nos EUA, onde foi liberada, a imunização masculina não protege contra o HPV 16, o tipo que mais causa câncer de boca e de orofaringe.
No Brasil, só mulheres entre 9 e 26 anos têm indicação para a vacina contra quatro tipos de HPV, entre eles o 16. Mas a imunização só existe na rede privada, ao custo médio de R$ 900.




Observação importante:  O HPV pode ser transmitido por via sexual (anal - oral - vaginal) e também por via não sexual, através de objetos contaminados tais como toalhas, roupas íntimas, aparelhos médicos sem esterilização adequada, assentos de banheiros, etc. Não se sabe quanto tempo o vírus sobrevive fora do corpo, mas há esses possibilidades de contágio.
Também pode ser transmitido de mãe para filho na gestação e na hora do parto.

Qualquer alteração bucal, procure um dentista de sua confiança!