terça-feira, 10 de junho de 2014

Cárie de Mamadeira

Você já ouviu falar de cárie de mamadeira e ficou curioso para saber o que é?


 A cárie de mamadeira possui diversos sinônimos: cárie de amamentação, síndrome da mamadeira noturna, cárie de bebês, etc. Essas cáries aparecem primeiramente nos dentes incisivos superiores de leite e são o resultado de uma falha na higiene bucal associada com ingestão de líquidos adocicados em excesso., várias vezes ao dia e também à noite.  Geralmente nos primeiros meses de dentição até os 3, 5 anos de idade!
Não se enganem achando que a amamentação no seio materno não provoca cáries, pois provoca sim...
Principalmente em crianças que já passaram do período ideal de amamentação, depois dos 6 meses ou depois de um ano de vida. 

A amamentação prolongada no seio materno, também pode provocar deformações na arcada dentária. O bico do seio ficará entre os dentes decíduos, provocando uma má posição dentária, mas que pode melhorar após abandonado o hábito.

As cáries de mamadeira aparecem quando a criança não possui boa higiene bucal, fato esse que deverá ser corrigido pelos seus pais, higienizando os dentes da criança com os dedos envolvidos em uma gaze ou se for possível, com uma escova infantil. 
Durante a noite ocorre uma diminuição do fluxo de saliva, o que facilita a aderência de placa bacteriana nos dentes. 
O hábito de assoprar o leite da criança, usar a mesma colher que foi na sua boca e colocar na boca da criança, pode transmitir as bactérias da cárie. E as bactérias acharão espaço para se multiplicarem se a higiene bucal dessa mesma criança  não for satisfatória e se a dieta for açucarada e fermentável.

A evolução da "cárie de mamadeira" é rápida. Aparece inicialmente como uma manchinha branca em forma de maia lua nos incisivos superiores. Essa manchinha é uma descalcificação perto das marges gengivais, e que logo se torna marrom e depois negra: é a  CÁRIE.


Os incisivos superiores são os primeiros a serem afetados porque é aí que o líquido da mamadeira cai primeiro. A evolução da cárie é rápida e em pouco tempo os dentes se fraturam. Em casos avaçados os molares de leite superiores e inferiores também são afetados. 

Geralmente nessa época a criança tem por volta de 3 anos de idade e é um fator problemático. Sorrir sem os dentes ou com os dentes fraturados. É necessário a ida ao dentista e a conscientização sobre a dieta, retirando a maior parte do açúcar, as mamadas noturnas e a instalação de bons hábitos de higiene.

Quando não houver mais a possibilidade de recuperação dos dentes  e a extração é a melhor solução, o ideal é colocar um aparelho removível com dentes em resina para substituir os dentes perdidos. Isso melhora a autoestima da criança, a dicção e evita a interposição da língua no espaço aberto, ou seja, um hábito não muito bom para o correto desenvolvimento da maxila. Os dentes permanentes irão erupcionar a partir dos 5 - 6 anos de idade... 


A falta de um ou mais dentes de leite acarreta problemas na erupção dos dentes permanentes correspondentes. O espaço pode fechar impedindo que erupcionem corretamente, provocando retenções dos dentes permanentes dentro do osso ou fazendo com que nasçam fora de posição.

AS MELHORES SOLUÇÕES SÃO:
HIGIENE BUCAL CORRETA ,BONS HÁBITOS ALIMENTARES E VISITA AO DENTISTA, SEJA QUAL FOR A IDADE DA CRIANÇA!

EVITE A MAMADEIRA NOTURNA! COM AÇÚCAR OU SEM!
Seu filho merece todos os cuidados possíveis com a saúde bucal para que a dentição se desenvolva normalmente e sem problemas.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Aftas

Apareceu uma afta na minha boca, e agora?
O que é  uma afta?





A palavra afta literalmente significa "eu inflamo", ou "eu ascendo" ou, ainda, "eu queimo". Inicialmente, foi utilizada na Grécia por Hipócrates, o pai da Medicina, para identificar o "sapinho" ou candidose pseudomembranosa em crianças. Mais tarde, seu uso se estendeu para toda e qualquer ulceração nas mucosas.


CLASSIFICAÇÃO DAS AFTAS BUCAIS

As aftas podem ser classificadas em três tipos, de acordo com as suas manifestações e características clínicas:

1.     Aftas menores, ou de Mickulicz: são ulcerações muito dolorosas ou ardentes, de 1cm de diâmetro em média, e que afetam a mucosa bucal em áreas não queratinizadas . Podem ser únicas ou múltiplas, mas na maioria dos pacientes apresentam-se como lesões isoladas. Tendem à reparação, entre 5 e 10 dias, sem deixar cicatrizes.

 2. Aftas maiores, ou de Sutton: são ulcerações maiores com extensões surpreendentes de até 3 a 4cm. São necrosantes, extremamente dolorosas, incapacitando o paciente para suas atividades normais. Sua duração, em média, se alonga entre 3 e 6 meses cada uma, deixando cicatrizes fibrosas e definitivas.

3. Aftas herpetiformes: caracterizadas pela multiplicidade de diminutas e dolorosas lesões ulceradas simultâneas na mucosa bucal. Esse nome resulta de sua semelhança com as lesões da estomatite herpéticas.



AFTAS APÓS A INSTALAÇÃO DE APARELHOS ORTODÔNTICOS

A instalação de aparelhos ortodônticos pode estar relacionada com o aparecimento de uma ou mais aftas na mucosa bucal, que quase sempre são lesões do tipo aftas menores, mas incomodam muito  as pessoas, principalmente quando habitualmente não eram afetados por este problema antes da instalação dos aparelhos ortodônticos .

Alguns pacientes apresentam as aftas no decorrer do tratamento e não necessariamente logo após a sua instalação. Esses casos podem estar relacionados a momentos de estresse físico ou psicológico, alterações de hábitos alimentares ou condições sistêmicas que possam modificar a reatividade do sistema imunológico.


Em pacientes fumantes, o aumento da espessura da mucosa bucal e de sua queratinização está presente em todas as regiões e esse tipo de paciente NÃO APRESENTA aftas bucais em função dessa adaptação funcional induzida pelo tabaco. Quando pacientes fumantes deixam o vício, podem apresentar aftas, às vezes duradouras e múltiplas, e, em função dessa intercorrência, podem voltar a usar o tabaco.

Muitos pacientes anêmicos também apresentam grande número de aftas bucais, pois, com a mucosa fragilizada, os microtraumatismos são mais freqüentes, principalmente com aparelhos ortodônticos.


A possibilidade de herdarmos a "capacidade" de ter aftas bucais é bem maior, ou quase absoluta, se os pais foram portadores de aftas ao longo da vida
Ainda é grande a chance, em torno de 50%, de herdar-se essa capacidade se um dos pais apresentar essa propriedade. A possibilidade de herdar-se a característica de propensão às aftas é bem menor, ou muito reduzida, em filhos cujos pais não apresentam-se portadores ao longo da vida.

Em outras palavras, se os pais têm aftas, provavelmente os filhos também terão uma grande propensão a apresentá-las, pois suas células poderão ser reconhecidas como estranhas pelo sistema imunológico, tais como acontece com as dos pais.





Quando, na mucosa bucal, ocorrem microulcerações (pequenos machucados) induzidas por alimentos, instrumentos, braquetes, escovas, agulhas e outras formas, há também a formação de aftas.



 Os braquetes, os fios e as bandas ortodônticas, uma vez instalados nos dentes, promovem invariavelmente microtraumatismos nos lábios, bochechas e margens linguais laterais.

As aftas bucais após a instalação de aparelhos ortodônticos NÃO decorrem de fatores alérgicos, não representam hipersensibilidade a componentes dos braquetes, fios e bandas. Uma vez transcorridas algumas semanas de uso do aparelho, haverá uma adaptação estrutural da mucosa bucal, que aumentará a espessura epitelial e a sua queratinização. As aftas diminuirão e até podem desaparecer por completo após esse período de adaptação, mas representam um grande incômodo clínico e pessoal.





ORIENTAÇÕES E CONDUTAS PARA PACIENTE ORTODÔNTICO COM AFTAS BUCAIS

Em alguns pacientes ortodônticos, por maiores cuidados que sejam tomados - como a colocação de cera ou outro tipo de oclusão dos braquetes e fios para se evitar o contato e microtraumatismos na mucosa bucal -, as aftas bucais aparecem inevitavelmente em número maior do que o paciente estava acostumado. Mas deve-se orientar o paciente sobre como evitar os microtraumatismos durante:

1) Evite  alimentos perfurantes, como abacaxi, cascas de pão, pipoca e outros. Alimentos muito ácidos (limão, abacaxi, laranja, tomate) podem alargar os microtraumatismos na mucosa bucal; recomenda-se  a ingestão em forma de sucos.

2) Higiene bucal cuidadosa, evitando o contato das cerdas e movimentos bruscos com as escovas sobre a mucosa bucal;

3) Use  protetores sobre os braquetes, fios e bandas para evitar mordidas ao dormir, durante o apertamento bucal e o bruxismo, tais como a cera ortodôntica.

4) Algumas semanas de uso do aparelho, sua mucosa bucal se adaptará, aumentando a queratinização, e as aftas diminuirão ou provavelmente desaparecerão.


Se o paciente  abandonou o vício de fumar há pouco tempo,  provavelmente aparecerão muitas  aftas bucais. 

 O alívio imediato da  dor das aftas  local se faz muito importante. Proceda da seguinte forma:

1) Limpar delicadamente o leito amarelado ou branco da afta com cotonete umedecido em água oxigenada bem diluída ou em soro fisiológico, ou até em água. Esta pseudomembrana representa um obstáculo à penetração medicamentosa, mas nem sempre está presente.

2) Passar, por até cinco vezes ao dia uma pomada específica.
Aplicar até cinco vezes ao dia, quando necessário, utilizando-se os dedos ou cotonetes levemente umedecidos. Uma indicação seria a pomada Omcilon-a Orabase, mas fale com seu dentista antecipadamente.

3) A  finalidade do medicamento: apenas aliviar os sintomas e promover a sensação de conforto!




Adaptado  do artigo " Aftas após instalação de aparelhos ortodônticos: porque isso ocorre e protocolo de orientações e condutas"  do Dr Alberto Consolaro publicado na  Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial vol.14 no.1 Maringá Jan./Feb. 2009


quarta-feira, 26 de março de 2014

Posso fazer bochechos com água oxigenada?


Essa é uma pergunta que sempre fazem.
Tenho recebido também através de emails e do Facebook mensagens sobre o uso e benefícios maravilhosos da água oxigenada. Que ela é boa para clarear dentes, para sinusite, para isso, para aquilo... Oitava maravilha do mundo!
Recentemente uma mensagem dizia que os dentistas escondiam dos pacientes as maravilhas da água oxigenada  para clarear dentes para poderem faturar mais e mais nos seus consultórios. Oh meu Deus!


Alerto vocês que a água oxigenada pode até fazer bem, mas não do jeito que vocês imaginam. 
Por favor, NÃO FAÇAM  bochechos com água oxigenada! Usem um creme dental clareador se quiserem dentes mais brancos! Aumentem a quantidade de escovações diárias, fio dental! Mas bochechos com água oxigenada, NÃO!


Transcrevo abaixo parte de um artigo do Prof Alberto Consolaro, da Fac. de Odontologia de Bauru/USP:

SOBRE OS BOCHECHOS COM ÁGUA OXIGENADA E A CLAREAÇÃO DENTÁRIA

O homem descobriu, há muito tempo, que a água oxigenada dissolve restos de células  e tecidos necrosados nas feridas, diminuindo a quantidade de microorganismos, facilitando a ação dos antibióticos. Mas isso funciona em situações muito especiais, com concentração adequada  e pessoa especializada, com cuidados como os recomendados pela FDA (Food and Drug Administration), que o classificou como agente debridante para uso temporário na cavidade bucal. Recentemente uma empresa multinacional retirou do mercado um produto antisséptico à base de peróxido de hidrog~enio, provavelmente porque as pessoas passaram a usa-lo inadequadamente quanto aos locais, tempo e freqüência de aplicação.

As soluções cloradas e à base de peróxido de hidrogênio estão nos armários de nossas casas, mas devem ficar longe das crianças e animais. Os fabricantes devem informar um telefone em caso de intoxicação e deve-se seguir as indicações e cuidados de uso. São produtos tóxicos, cáusticos, que podem até matar se não seguirmos adequadamente as informações dos fabricantes.

Na internet, algumas pessoas, irresponsavelmente, por ignorância  quanto aos preceitos da Química, Cosmetologia, Medicina e Odontologia, têm indicado a água oxigenada em bochechos diários, para que se diminua os germes da boca e desinflame as gengivas, ao mesmo tempo que deixaria os dentes mais limpos e brancos. Elas deveriam ser notificadas pelas autoridades competentes e indiciadas judicialmente pelos crimes que estão cometendo contra a saúde das pessoas, abusando da fé pública.


A água oxigenada  deixa as mucosas e gengivas vermelhas pela agressão, com início de dissolução tecidual e inflamação. Água oxigenada queima e pode até necrosar as papilas gengivais. Ela deixa os dentes limpinhos, pois desmineraliza o esmalte, removendo, também, as sujeiras e pigmentos aderidos. O esmalte fica mais poroso e o alimento o suja mais ainda, aumentando a necessidade de bochechos. A cada dia o esmalte se afina e, se houver restaurações, induz infiltrações em sua interface com o dente, podendo sair com facilidade durante a alimentação.

Se queimar a mucosa e demineralizar  o esmalte fossem os principais problemas, se poderia até pensar em uso com moderação. O problema maior é que a água oxigenada é um agente cocarcinógeno promotor. Em outras palavras: potencializa o efeito dos indutores de câncer de boca, da garganta, esôfago, estômago e intestino. Pesticidas, produtos do tabaco, álcool, HPV e outros vírus oncogênicos, raios solares e demais químicos dos alimentos industrializados são potencializados pelo uso da água oxigenada.


Muitas teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos e livros confirmam o que a literatura já demonstrou por meio de vários tipos de metodologias. Com testes in vitro
de carcingênese química, comprova-se o efeito cocarcinogênico do peróxido de hidrogênio (ou água oxigenada) – contido em clareadores dentários, antissépticos e dentrifícios – sobre mucosa.

Em uma pesquisa de tese de doutorado (USP  -  1999), foi testado o efeito carcinogênico de um dentifrício com peróxido de hidrogênio. De 30 marcas, em 29 dentifrícios foi detectada sua presença, inclusive nas marcas infantis, mas, na maioria, a informação  de sua presença não constava nas embalagens. Foram usados hamsters na pesquisa, e o peróxido do dentifrício mostrou-se igual ao clareador isoladamente aplicado: foi um promotor da carcinogênese. Os clareadores dentários fazem parte da cultura moderna, e devemos evoluir tecnologicamente para reduzir os efeitos indesejáveis. A clareação dentária deve ser segura e respeitar a opção consciente dos que não querem realiza-la , com informações nas embalagens. O consumidor deve ter a opção de escolher o dentifrício com ou sem peróxido de hidrogênio.

CLAREAMENTO DENTÁRIO CASEIRO
No consultório, a clareação dentária tem o mesmo efeito cocarcinogênico que na forma de uso “caseira”? Não. O profissional treinado isola os dentes com uma barreira resinosa cervical, ou de outra forma, mecânica ou física, e dificulta o contato direto do clareador com a mucosa. Antes de se retirar o clareador com água e remover a barreira resinosa, há de se ter uma máxima sucção do clareador, para elimina-lo. Apenas quando eliminou-se completamente todo o clareador com o sugador, deve-se remover a barreira resinosa ou o isolamento. No consultório, a quantidade de clareador em contato com a mucosa é muito pequena e eventual;na escovação é diária, o mesmo ocorrendo com bochechos de água oxigenada ou uso contínuo de fitas clareadoras.

NA CLAREAÇÃO DENTÁRIA CASEIRA OS RISCOS SÃO MAIORES?
Sim, pois o paciente, mesmo “orientado” pelo profissional e, por mais adaptada que seja a moldeira de aplicação, deixa o clareador se distribuir pela boca com a saliva. O contado demorado com a mucosa bucal será inevitável e a ingestão parcial contatará outras mucosas gastrointestinais.

A automedicação é muito freqüente, e se adquire o produto sem qualquer consulta profissional, para usar em casa, de forma irregular, sem cuidado. A falta de controle sobre o tempo e freqüência com que se realiza o procedimento caseiro até aumenta o clareamento, mas às custas de efeitos biológicos sobre a mucosa e dentes, que não compensam. O risco que, aliás, são imensuráveis no futuro.

Os clareadores devem ser considerados medicamentos, e seu uso restrito a profissionais da Odontologia devidamente treinados nas requentadas manobras de procedimentos. Infelizmente, são vendidos livremente, e a população ainda não está consciente dos      riscos.


CONSIDERAÇÕES SOBRE BOCHECHOS COM ÁGUA OXIGENADA
Todas as manobras em que se use o peróxido de hidrogênio (conhecido popularmente como água oxigenada) na boca, objetivando-se a clareação dentária, devem ser executadas diretamente pelo profissional da Odontologia treinado  para proteger a mucosa  bucal e outras do contato durante o procedimento. O tempo e  a forma de uso requerem cuidados para proteger ou diminuir ao mínimo possível os efeitos indesejáveis sobre os tecidos dentários e restaurações. As fitas e demais produtos clareadores, todos têm como base a ação do peróxido de hidrogênio.

Um eventual contato com a mucosa bucal, tal como o bochecho com água oxigenada uma vez por  ano ou a cada seis meses, poderia até ter efeito cocarcinogênico mínimo, mas todo dia ou toda semana, como na antissepsia para se auxiliar na higiene bucal, passa a ser um protocolo muito temerário para a saúde ao longo do tempo. Os sites, blogs e perfis em redes sociais que estão indicando isso deveriam ser acionados imediatamente pelas autoridades públicas!
A estética refere-se à harmonia da forma, tamanho, posição e cores. Ao prestar mais atenção em uma pessoa ao sorrir, percebem-se gengivas e lábios vermelhos, com dentes muito brancos, é inevitável o diagnóstico de uso excessivo de peróxido de hidrogênio! Evidencia-se um artificialismo. O branco excessivo e o vermelho mucoso geram um quadro muito artificial do ponto de vista estético.




Resumido de:
Consolaro A. Bochechos com água oxigenada são carcinogênicos e indicados na internet: implicações ortodônticas e fundamentos.

Revista Clínica de Ortodontia Dental Press – Vol 12 – num. 5 – out/nov 2013 – p. 106




sexta-feira, 21 de março de 2014

Síndrome de Down e Odontologia

Dia 21 de março é o dia Internacional da Conscientização  da  Síndrome de Down.


A síndrome de Down também é chamada Trissomia do 21. Ou seja, temos 23 pares de cromossomos e o 21º.  par tem um cromossomo a mais, o que causa a Síndrome, e não se sabe exatamente  o que causa esse problema. Geralmente o risco da trissomia aumenta quando a mãe tem mais de 40 anos e também exposição avançada a altas doses de radiação. Aproximadamente 1 caso para  cada 800 nascimentos.

Geralmente o indivíduo com síndrome de Down apresenta atraso de desenvolvimento, baixa estatura, QI reduzido, problemas acardíacos, predisposição à infecções, órgãos genitais diminuídos, desenvolvimento da face alterado, olhos amendoados, nariz em sela e envelhecimento precoce.
Na boca, podemos ver problemas tais como maxila atrésica ( céu da boca  estreito),  língua com fissuras, falta de alguns dentes (agenesia), erupção dentária retardada dentes que demoram para nascer e crescer), mordida cruzada posterior bilateral, mordida aberta anterior,  língua grande é comum. Muitas vezes a pessoa fica com a boca aberta  porque a faringe é estreita e as amígdalas  são grandes e isso dificulta a respiração.

Pode-se observar também microdontia (dentes pequenos) ou muito grandes, dentes conóides (dentes mais "fininhos"), falta de dentes ou excesso deles.
Existe uma alta prevalência de  problemas periodontais e uma baixa prevalência de cáries. A baixa prevalência de cáries pode ser explicada pelo atraso na erupção dos dentes, ou seja, como eles demoram para nascer, demora também para aparecer cáries. e segundo pesquisadores, a composição salivar desses indivíduos parece ser diferente ajudando nesse aspecto. A anatomia dos dentes também é diferente, as fóssulas e fissuras dos dentes são menos acentuadas o que não deixa acumular alimentos. O alto índice de problemas periodontais pode ser devido a uma deficiência do sistema autoimune.
Muitas crianças com síndrome de Down apresentam  péssimas condições de higiene bucal. Isso porque muitos pais não orientam e nem fiscalizam a escovação dos filhos. Essas crianças (aliás, todas as crianças) necessitam de muito amor, apoio e informação para a conservação da saúde bucal, para gengivas e dentes saudáveis. E visitas periódicas ao dentista, para que seja feita a procura de cáries, para a aplicação de um selante,profilaxia, flúor e tratamento ortodôntico se for o caso.

terça-feira, 18 de março de 2014

Aparelhos falsos e os riscos para a saúde de sua boca

Camelôs nas ruas do centro de São Paulo ( e provavelmente de outras muitas cidades) vendem componentes para a própria pessoa "montar" seu aparelho fixo de enfeite. Borrachinhas coloridas, elásticos coloridos e bráquetes (pecinhas). Impressionante é a pessoa colar os bráquetes com a famosa cola SuperBonder e não ficar com os dedos colados nos lábios, lábios colados nos elásticos e outras coisas mais terríveis. São os chamados "aparelhos diferenciados".

Muitas vezes os falsos colocadores de "aparelho" fazem propaganda no Facebook e aí também vendem o  material colorido  tais como elásticos. Já vi propaganda no site "Mercado Livre" de uma pessoas que vendia elásticos coloridos sob o título: "Troque você mesmo as borrachinhas de seu aparelho".

 Impressionante também é a moda de fazer "rolezinhos" em shoppings usando aparelhos falsos! Mesmo quem usa aparelhos fixos verdadeiros gosta de "incrementar" com elásticos super coloridos. Não pense que quando os bráquetes são colados pelo seu  dentista e você resolve incrementar, não aparecem problemas... Aparecem sim, pois geralmente as pecinhas são enroladas com voltas e voltas de elásticos! E esses elásticos fazem uma força absurda, capaz de "balançar" um ou mais dentes.

Na reportagem do Fantástico de 09/03/14, um adolescente dizia que usava fios (cerdas) coloridos de vassoura para deixar mais chamativo seu aparelho fixo.


O que acontece quando um aparelho fixo é mal instalado?



 Na foto acima, pode-se ver um aparelho fixo muito mal feito. Alguém não habilitado apenas colou as pecinhas nos dentes dessa pessoa, sem medidas, sem conhecimento algum. O resultado é que cada dente foi para um lado e pode-se ver que os incisivos superiores estão quase que perdidos...

Importante lembrar que pessoas curiosas estavam (ou ainda estão) colando "aparelhos fixos" em indivíduos desejosos de "mudar o visual. Muitos "falsos  dentistas" foram denunciados e alguns já foram presos (falsidade ideológica dá 3 anos de reclusão). O Conselho Regional de Odontologia está atuando para que materiais ortodônticos só sejam vendidos para dentistas (nas dentais), mediante a apresentação do número de inscrição do CRO.




O que você acha que irá acontecer com alguém que tem um aparelho como esse na foto acima? O aparelho não possui o arco, necessário para os movimentos corretos dos dentes. Ele está trançado com fio de vassoura!! Tem coragem? Muitos colam as pecinhas só nos 6 dentes anteriores!




Olha só na foto acima o  resultado de aparelho falso... Perda dentária!


Portanto, meu amigo ou amiga, procure um especialista em ortodontia se realmente você precisa de tratamento ortodôntico. Não compre nada na internet e nem  de camelôs.  Os dentistas estudam quatro anos em período integral para se tornarem cirurgiões-dentistas. E mais dois a quatro anos de especialização pela frente para se tornarem especialistas em ortodontia. A ortodontia mal feita, ou melhor, aparelhos de enfeite, podem provocar perda de dentes, inflamações gengivais seríssimas e é claro, mal hálito. Ou será que cerda de vassoura não provoca mal hálito? Já pensou na quantidade de resíduos que ficará grudado nesse tipo de "aparelho"?

A ortodontia requer planejamentos, estudos, radiografias. E aparelho é para corrigir  posições dentárias, não é modismo, não é enfeite, é tratamento odontológico! É assunto sério! 

Ou você quer perder seus dentes?



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Respostas para quem tem medo de perguntar



Há muita coisa que todo paciente gostaria de saber, mas tem medo de perguntar, como por exemplo porque está doendo, em quanto tempo tudo fica pronto, quanto terá que pagar... Enfim, decidir colocar um aparelho fixo, ou seja, iniciar um tratamento ortodôntico exige muitas perguntas e mais respostas ainda.
Vamos começar com a pergunta número um:

1. Eu quero colocar  aparelho, qual dentista devo procurar?
Você deve procurar um dentista que já colocou aparelhos em amigos e parentes. Um profissional que você conheça o tipo de serviço, que tenha referência. Esse profissional deve ser devidamente registrado no CRO (Conselho Regional de Odontologia), melhor ainda se for Especialista em Ortodontia.

2. Devo procurar o profissional mais barato ou o mais caro?
Nem um nem outro. Você deve procurar um profissional qualificado e de confiança.


3. O que é melhor? Uma Clínica com vários dentistas ou um só profissional?
Numa clínica com vários dentistas, talvez cada mês você seja atendido por um profissional. Isso complica um pouco o entrosamento, pois cada dentista pensa de uma maneira. Se procurar uma clínica, verifique a possibilidade de ser atendido somente por um profissional, e a possibilidade de em caso de emergência esse profissional poder atender você. Quando digo emergência, estou me referindo a quando um bráquete se solta, ou uma banda ou alguma coisa espeta.

Se procurar um consultório, procure saber quantos dias por semana o dentista trabalha, se é adequado aos seus horários e se ele poderá atender em casos de emergência.

4. O que é preciso para fazer um tratamento ortodôntico?
Será necessária uma documentação ortodôntica. O ortodontista encaminhará você para um serviço de radiologia. Uma documentação ortodôntica contém geralmente (as mais simples): modelos de gesso das arcadas dentárias, radiografia panorâmica, periapicais dos dentes anteriores superiores e inferiores, radiografia norma lateral onde serão feitos traçados para ver perfil, análise cefalométrica (medidas de ângulos das posições de dentes e tecido ósseo), fotografias frente e perfil do paciente, fotografias intraorais. O dentista irá fazer o planejamento de seu tratamento baseado nos dados obtidos. Se é necessário extrair dentes, expandir arcada, etc.
Geralmente o bom profissional mostra a documentação e explica em termos leigos para o paciente.

5. Se eu desistir do tratamento, posso levar a documentação?
Se você conversar com o profissional e concluir que não quer fazer o tratamento naquele local, pode levar a documentação na mesma hora... Após pagar a consulta, se for o caso...
Se já estiver de aparelho é importante lembrar que todos estipulam um tempo mínimo de tratamento para poder desistir. Tratamento ortodôntico é assunto sério e a pessoa não pode colocar em um mês e decidir tirar em outro. Se já sabe de antemão que irá mudar para outra cidade bem longe e há necessidade de mudar de profissional, nem coloque - espere mudar e coloque lá em seu outro endereço.
Se resolver desistir  do tratamento depois de um certo tempo, terá que conversar com o dentista. Geralmente se faz um contrato no início do tratamento. Alguns cobram uma taxa para tirar o aparelho e para entregar a documentação. Se a documentação for antiga, mais de 6 meses, aconselho a não criar problemas para tê-la de volta caso o dentista não queira entregar. Apesar dela ser sua, não será muito útil.  O novo profissional precisará do estado atual de sua boca, de radiografias novas para efetuar outro planejamento.
Os planejamentos podem ser diferentes, cada dentista tem sua maneira de pensar. Mas o resultado deverá ser um só, ou seja, a satisfação do paciente.

6. Como se cobra a manutenção?
Cada dentista tem uma maneira própria.
Alguns cobram o valor total do tratamento. Outros uma taxa mensal ou quinzenal. Ou qualquer outro  tipo de cobrança, desde que o paciente esteja ciente.  Podem estar baseadas no aumento do salário mínimo ou outro índice qualquer de reajuste. O valor depende do profissional, da cidade,  da clínica, do consultório... As consultas podem ser mensais, quinzenais, depois de 40 dias... Depende. 

7. Existe aparelho grátis?
Isso foi um absurdo criado anos atrás. Não existe aparelho nem tratamento grátis. Nem em faculdades. De uma forma ou outra você irá pagar por ele. É proibido pelo código de ética Odontológica. Não caia nesse conto...

8. Quanto tempo dura um tratamento ortodôntico? Posso ficar anos de aparelho?
Geralmente um tratamento dura por volta de 30-36 meses. Um contrato especificando o tempo deve ser fornecido no início do tratamento. Depende da complexidade do caso, idade do paciente, colaboração...

9. Os tipos de aparelho possuem valores diferentes?
Sim. Os estéticos (porcelana e safira) são mais caros que os autoligados metálicos que são mais caros que os tradicionais metálicos. Cada profissional tem seu preço que depende também do fornecedor do material.

10.  Depois que tirar o aparelho fixo, tenho que usar outro, o removível?
Sim. Todos os que usam aparelhos fixos devem usar um aparelho removível de contenção cujo tempo o ortodontista irá determinar conforme tenha sido o problema anterior. 
Geralmente contenção fixa inferior (leia: Contenção Ortodôntica) e contenção removível  superior. Mas pode ser contenção fixa superior e inferior ou removível superior e inferior. Depende do profissional.

11. Esse aparelho pode ser cobrado? Tem manutenção?
O aparelho de contenção  sempre é cobrado, pois há muitos gastos para confeccioná-lo. Quanto á manutenção, depende do acordo profissional/paciente.


Perguntas são necessárias para um bom tratamento. Pergunte sempre. O bom dentista terá prazer em respondê-las.








Seja feliz!