quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Hepatite

Ouvi falar que se pode "pegar" hepatite com alicate de cutícula e até em consultório de dentista. É verdade?


Em primeiro lugar, vamos entender o que quer dizer a palavra "hepatite".
Hepatite é uma inflamação do fígado, que pode ser causada por vírus, bactérias, agentes químicos como resíduos petroquímicos, uso de determinados medicamentos, álcool, drogas, chás ou ainda por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. No Brasil, o que temos de mais comum são as hepatites virais que recebem o nome de acordo com o vírus que as causam. Atualmente temos a hepatiteA, a B, C, D e E.


Hepatite A - É autolimitada e de caráter benigno, ocorrendo apenas na forma aguda e com raras complicações. O paciente com hepatite A pode se recuperar completamente eliminando o vírus  de seu organismo em até 6 meses.
Transmissão: O vírus A é transmitido pela ingestão de alimentos com água contaminada com resíduos fecal  humano e também pelo contato interpessoal (via oral-fecal).
Prevenção: Consumo de água de boa procedência, medidas de saneamento básico e frutas, verduras e legumes bem lavados. Evitar aglomerações e compartilhamentos de copos e talheres. Existe vacina para hepatite A, mas não está disponível de forma ampla o sistema público de saúde. Apenas nos Centros de Referências Imunológicos Especiais.
Tratamento: Como a hepatite A não causa muita agressão ao fígado, é curável e o tratamento é apenas de suporte, indicado de acordo com a saúde do paciente.


 Hepatite B - Apresenta tanto a forma aguda quanto a crônica. No caso da crônica, o vírus fica no organismo por mais de 6 meses. Se evoluir para crônica, pode causar danos graves ao fígado, como cirrose e câncer. Entre adultos infectados, 5 a 10% evoluem para a forma crônica da doença.
Transmissão:è considerada doença sexualmente transmissível (DST), pois o vírus HB é transmitido preferencialmente por essa via, já que é bem adaptada a essa transmissão: se concentra no sêmem e pode viver por muitos dias no ambiente vaginal.
Também pode ser transmitido de mãe para filho, na gestação, parto ou amamentação (via vertical). Nesse tipo de transmissão a chance de cronificação pode chegar a 90% com maior risco de evolução para cirrose e hepato carcinoma em fase precoce da vida.
É possível também a transmissão por:
- instrumentos pérfuro cortantes ( em instrumentos contaminados em hospitais, médicos e dentistas)
-compartilhamento de objetos de higiene pessoal, tais como:
 1. escovas de dente
                                                                                                    
 2. alicates de unha
                                                                                                    
 3. tesouras de unha
                                                                                                     
4. lâminas de barbear
                                                                                                    
 5. tintas e agulhas de tatuagem 

Prevenção: Sexo seguro ( com preservativos) e assepsia. Não compartilhamento de instrumentos pérfuro cortantes (seringas, p. ex.). É também importante o rastreamento da gestante para hepatite B no pré-natal, visando adotar as medidas pertinentes para prevenir infecção do recém nascido.
A hepatite B tem vacina, aplicada em 3 doses, muito eficaz e disponível nas redes de saúde.
Tratamento: Está indicado de acordo com o estado do paciente, mas além dos medicamentos, deve contemplar uma dieta de fácil digestão e sorte do consumo de bebidas alcoólicas por 6 meses, pelo menos.
A hepatite B não tem cura, mas se o diagnóstico for feito precocemente, e a resposta do paciente for boa, é possível controlar a replicação do vírus, evitando que o fígado seja agredido e ocorram complicações. Todos os medicamentos para a hepatite B estão disponíveis na rede pública, mas seu uso depende das diretrizes brasileiras para tratamento das hepatites  virais.
Tratamento: Está indicado de acordo com o estado do paciente, mas além dos medicamentos, deve-se ter uma dieta de fácil disgestão e corte do consumo de bebidas alcoólicas por 6 meses pelo menos.
A hepatite B não tem cura, mas se o disgnóstico for feito precocemente e a resposta do paciente for boa, é possível controlar a replicação do vírus, evitando que o fígado seja agredido e ocorram complicações. Todos os medicamentos para hepatite B estão disponíveis a rede pública, mas isso depende das diretrizes brasileiras para tratamento das hepatites virais.

Hepatite C - A HC assim como a HB evolui silenciosamente para a forma crônica quando o vírus não é eliminado de pois de 6m, o que acontece em 80% dos casos.
Nesse caso pode causar agressão ao fígado com potencial para o desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado.
Transmissão: Também transmitida por via sexual, mas essa forma é mais rara. A mais comum é a parenteral, através do compartilhamento de pérfuros-cortantes ou de higiene pessoal contaminado pelo sangue do portador: agulha, instrumento cirúrgico, escovas de dente, alicate, lâminas de barbear., etc
A transmissão também é possível de mãe para filho durante a gestação, parto e amamentação.
Prevenção: Correta assepsia e não compartilhamento de instrumentos pérfuro cortantes (p.ex. seringas). Nos serviços de saúde deve ser usado material descartável. Além disso é importante o uso de preservativos nas relações sexuais e o ratreamento da gestante para hepatite pré-natal, visando adotar medidas para prevenir a transmissão para o bebê. A hepatite C não tem vacina.
Tratamento:  Quando a inflamação hepática evolui para a forma crônica, o tratamento pode ser complexo e, além dos medicamentos dependerá da realização dos exames específicos como biópsia hepática e de biologia molecular. As chances de cura variam de 50% a 80% dos casos.

Hepatite D - O vírus da hepatite D ou Delta é um problema muito comum na Amazônia e só atinge pacientes portadores do vírus do  HB pois ele parasita o vírus B. A contaminação pelos 2 vírus também pode acontecer ao mesmo tempo. A hepatite Delta, assim como a B ou C pode evoluir tanto para a forma aguda quanto crônica da doença, havendo risco e danos sérios ao fígado.
Transmissão: As formas de transmissão são as mesmas, das hetatites B e C: por via sexual, sanguínea e de mãe para filho.
Prevenção: Uso de preservativos, assepsia, e não compartilhamento de instrumentos pérfuro cortantes e de objetos de higiene pessoal, testagem da gestante e se for portadora, encaminhar e orientar sobre o tipo de parto e não amamentação até que a criança tome a primeira dose de vacina de hepatite B.
Tratamento: Depende do tratamento da hepatite B, com medicação, alimentação menos gordurosa e não consumo de bebida alcoólica, pelo menos pelo período de 1 ano. O paciente contaminado pelos 2 vírus no mesmo momento tem mais chances de se recuperar completamente.


Hepatite E - É a hepatite viral menos comum no Brasil. É também autolimitada e se apresenta apenas na forma aguda, mas pode apresentar formas clínicas graves, principalmente em gestantes. O paciente com hepatite E pode se recuperar completamente eliminando o vírus de seu organismo em até 6m.
Transmissão: O vírus E é transmitido pela ingestão de alimentos ou água contaminada com resíduo fecal humano (via oral fecal). Pelo contato interpessoal também é possível, mas não é comum.
Prevenção: Consumo de água de boa procedência, medidas de saneamento básico, frutas, verduras e legumes bem lavados e mariscos e frutos do mar bem cozidos pois podem concentrar partículas virais no tubo digestivo. Evitar aglomerações e compartilhamento de copos e talheres.
Tratamento: Geralmente não requer tratamento sendo proibido o consumo de bebidas alcoólicas e recomendado repouso e dieta pobre em gorduras.
A internação somente é indicada em quadros clínicos.


Respondendo então a pergunta logo no início do texto: "É  possível "pegar" hepatite no dentista e com alicate de unha?"

Conforme visto no texto, é possível "pegar" hepatite através de instrumentos pérfuro cortantes. Por aí se entende que todo material deve ser esterilizado, tais como agulhas, seringas, alicates de cutícula, agulhas de tatuagem e mesmo restos de tinta podem estar contaminados ( se reutilizados). Alicates e cutícula, tesouras, compartilhamento de escovas de dentes, lâminas de barbear, são fontes de contaminação. O sexo deve ser seguro. Beijo e sexo oral podem transmitir hepatite.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sobre os sisos

O que são os dentes popularmente conhecidos como sisos ou do juízo?

Esses dentes são os terceiros molares, e foram batizados de "dentes do juízo" porque nasciam por volta dos 18 anos, que é a idade onde a pessoa deveria ter juízo. A grafia correta é "SISO", com "S", pois siso significa no dicionário, bom senso - circunspeção, juízo, prudência, tino. Ou seja, "SISO" é sinônimo de "JUÍZO".

Hoje em dias alguns sisos nascem bem antes, já vi sisos erupcionando em pacientes com 14, 15 anos... Isso depende muito da pessoa, do desenvolvimento geral, da saúde. Há sisos que não erupcionam  por falta de espaço, e outros que não existem como germe dental na boca da pessoa, portanto, não se desenvolvem.

Nossos ancestrais tinham até o quarto molar ( o siso é o terceiro). Nossas mandíbulas não estão crescendo o suficiente devido à nossa alimentação, que é só de alimentos pastosos... Hoje em dia ninguém mais precisa triturar alimentos duros (o que garante maior desenvolvimento da mandíbula). O que acontece é que a maioria das pessoas não tem espaço suficiente para os sisos. 
Aquelas pessoas que já nascem sem o germe do dente já são as mais "evoluídas" geneticamente...

Quando o siso está impactado no segundo molar, o ideal é extrair.
do site: http://www.odontoblogia.com.br/wp-content/uploads/2011/04/dente-do-siso-impactado.jpg 
Estando impactado esse dente não irá erupcionar e não é bom que fique retido dentro do osso. Pode causar alguns problemas, tais como um cisto ou pericoronarite (inflamação na gengiva que o cobre).
Comenta-se muito que um siso pode causar apinhamento nos dentes inferiores anteriores, mas cientificamente nada está provado.
Se o seu ciso nasceu normalmente, e está presente na boca de forma saudável, não há necessidade de extraí-lo.

http://www.bucalface.com.br/documents/PERICORONARITE1.jpg
Pericoronarite é uma inflamação da gengiva que está sobre o siso (ou qualquer outro dente, geralmente o siso). Isso acontece muitas vezes porque o dente está em posição muito ruim, dificultando a escovação. Ou por trauma de mastigação. Geralmente ocorre quando aparece "apenas uma pontinha" do dente... Os resíduos alimentares entram por baixo da gengiva e lá alojados, provocam o problema. O paciente sente muita dor, e às vezes há formação de pus. Deve ser tratado o quanto antes, pois o pus pode "descer" - por exemplo- para o pescoço e cair na corrente sanguínea, virando uma infecção generalizada. Ou pode mesmo acontecer (em casos graves) drenagem de pús pelo "lado de fora" da bochecha.


Como foi dito, se o siso erupcionou normalmente, não há necessidade de extração. Caso contrário é preciso extraí-lo e passar por alguns inconvenientes que podem acontecer durante e depois da cirurgia:



É...  Quando não tem jeito de evitar a extração, o jeito é aguentar resignadamente uns dias, até que tudo volte ao normal. Mas é preferível passar por tudo isso do que encarar uma pericoronarite, um cisto ou outro inconveniente causado por um dente problemático.