Entende-se por bruxismo o hábito parafuncional de ranger os dentes. Uma vez que nessas circunstâncias eles estão submetidos - assim como a estrutura ósseo e as articulações - a forças de intensidade muito superior às exercidas durante a mastigação, caso não seja tratado adequadamente, o fenômeno pode ser responsável não só pelo desgaste ou fratura dos dentes e/ou próteses, mas também por lesões do periodonto (tecidos que sustentam o dente), dores faciais e na região fronto-temporal. O bruxismo é também apontado como importante fator na etiologia da Disfunção Temporomandibular (DTM), provocando dores principalmente nos músculos da mastigação.
Qual a causa do bruxismo?
Muitas são as causas. Fatores anatômicos, fisiológicos, neuromusculares e psicológicos. No caso dos fatores psicológicos, a literatura especializada aponta para o estresse do dia a dia, ou ao estresse provocado por qualquer tipo de problemas.
Há algum tempo os clínicos têm percebido um aumento na incidência dos relatos do ranger de dentes, nos levando a supor que - não sendo provável alguma alteração biológica que predisponha o ser humano, hoje mais do que ontem, ao quadro - deve haver na cultura contemporânea algo que exponha excessivamente o indivíduo comum a essa resposta.
Derivado da palavra grega brychein que significa triturar ou ranger os dentes, o termo bruxismo foi utilizado pela primeira vez em 1907, por Marie e Pietkiewicz como la bruxomanie.
Mas o sofrimento a que se refere é bíblico: "Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o às trevas exteriores. Ali haverá pranto e ranger de dentes".
A associação do bruxismo ao martírio e ao sofrimento mental é, então, muito antiga, possivelmente tão antiga quanto o medo, pressuposto indissociável do contato com as trevas.
Temos então que buscar aquilo que aflige o ser humano, frente ao que se veja de pés e mãos atados, numa experiência de desamparo, buscando dar nome a essas trevas, sejam exteriores, como propunha Mateus (do Evangelho), ou internas, como objetos de indagações.
Todas as pessoas, em alguma etapa de sua existência, rangem os dentes. A ocorrência de bruxismo noturno durante a vida de um paciente é altamente variável, relacionando-se com "eventos marcantes ou com períodos emocional ou fisicamente difíceis"
Considera-se que o bruxismo é muito dependente do estresse, e alguns indivíduos reagem ao estresse cm níveis mais elevados de tensão nos músculos da mastigação. Alguns estudiosos do assunto dizem que o estresse diário mais o problema dentário (maloclusão) se refletem na atividade dos músculos durante o sono. Geralmente a ansiedade está associada ao bruxismo.
Diagnóstico
Como diagnosticar o bruxismo?
Geralmente a maioria dos pacientes não se queixa de ter bruxismo, e alguns nem sabem que têm. Geralmente o barulho noturno é notado por parte de alguém, que partilha o mesmo espaço. O dentista pode observar "o bruxismo" à partir da observação do desgaste nas superfícies dentárias. Geralmente o paciente se queixa de de fadiga (cansaço) muscular facial, dor facial, ou cefaleia pela manhã. Por vezes, ainda, o paciente relata a percepção de acordar durante a noite com os dentes travados.
A POLISSONOGRAFIA é importante instrumento nas pesquisas sobre o bruxismo. Pode confirmar o diagnóstico, sendo que a rápida identificação do quadro permite uma intervenção precoce com a minimização dos seus efeitos, mas, em razão da diversidade ds fatores envolvidos, o tratamento deve ser multidisciplinar. Como se sabe hoje, a cura do bruxismo é uma mera pretensão clínica, e maneira que qualquer proposta de compreensão poderá mostrar-se útil na elaboração de estratégias de tratamento.
Causas
O estresse é citado de maneira frequente como um suposto fator etiológico para o bruxismo.
Estresse é um termo emprestado da física - no qual é associado à tensão e desgaste a que são submetidos os materiais. O termo foi proposto pelo endocrinologista Hans Selye, em 1936, para designar o estado de tensão que rompe o equilíbrio interno do organismo, ou a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo frente às pressões do mundo externo (ambientais, sociais, etc) ou do mundo interno (expectativas ou pretensões de diversas ordens). Tido como importante fator etiológico de doenças em geral, e relevante motivo para a busca aos profissionais de saúde, a OMS o tem considerado um dos males do século.
Alguns medicamentos também podem causar o bruxismo. Aliás, isso muitas vezes está explícito na bula:
- fluoxetina
– sertralina
– paroxetina
–
venlafaxina
– buspirona
Uma observação interessante também é que o consumo excessivo de adoçantes (muitos anos, várias vezes por dia), pode produzir bruxismo.
Tratamento
Aparelho ortodôntico fixo não é terapia para bruxismo, mas quando o paciente possui um problema grave de maloclusão, muitas vezes usando o aparelho o bruxismo tende a desaparecer. Não em todos os casos.
No caso do paciente estar tomando algum medicamento que provoque o bruxismo, deverá parar com esse medicamento ou então que esse remédio seja substiruído por outro menos danoso. Leia as bulas dos remédios que toma.
Rinite, resfriado, dores em qualquer parte do corpo também podem provocar um bruxismo passageiro. Nesses casos, após a cura do problema o bruxismo tende a desaparecer.
Pode ser usada uma placa para impedir que o ranger de dentes desgaste todos os dentes do paciente. O ideal é a placa de resina, que envolve todos os dentes da arcada. Mas atenção: A PLACA NÃO IRÁ "CURAR" SEU BRUXISMO, ela servirá somente para impedir o desgaste dos dentes. E deverá ser trocada ou reparada de tempos em tempos, pois pode apresentar "furos". O ideal será sempre tentar descobrir a causa desse ranger de dentes.
Adaptado da Revista do CROMG - vol 12, n°1, jan-jun 2011